Suspeita de participar da quadrilha que lavava dinheiro e desviava
recursos de fundo de pensão, a modelo e agente de investimentos Luciane
Hoepers ainda não firmou nenhum acordo de delação premiada com a Polícia
Federal. Mas já fez confissões à polícia.
Ao ser presa no dia em que a operação Miqueias foi deflagrada, na semana
passada, Luciane admitiu à polícia que atuava visitando prefeitos e
oferecendo vantagens indevidas para que aplicassem em fundos de
investimentos suspeitos.
Ao saber que as meninas jovens e bonitas que desempenhavam essa função
foram definidas pela polícia como "pastinhas" do esquema, Luciane disse
que poderia ser capa da "Playboy" como "A Pastinha".
A declaração, dada pouco depois de a polícia ter dado voz de prisão à
modelo, arrancou gargalhadas até mesmo da delegada responsável pela
investigação, Andrea Pinho.
MULHER FRUTA
Luciane Hoepers, 33, é loira, tem olhos verdes e aparece em fotos e
imagens sensuais, todas espalhadas pela internet. Os atributos físicos
da modelo e de outras pastinhas presas pela polícia chamaram atenção até
mesmo de advogados que passaram pela Superintendência da PF em Brasília
no dia em que a operação Miqueias foi deflagrada. Um deles chegou a
dizer que as academias da capital federal devem ter ficado vazias,
porque as "mulheres frutas" estavam detidas.
A beleza da modelo também foi assunto de um dos diálogos interceptados
pela PF em abril deste ano. Luciane falava com o deputado estadual de
Goiás Samuel Belchior (PMDB) que alertou para ela tomar cuidado com o
"poder grande" de atrair as pessoas.
"[...]Agora, cê tem que tomar cuidado. Um poder grande que cê tem é
(...) físico. Então, a pessoa, às vezes, se aproxima de você primeiro
pelo que? Primeiramente pela beleza sua, pela pessoa e tal, depois pelas
outras coisas. Uma coisa leva a outra. Então vá com cuidado", disse.
NEM BRUXA, NEM CINDERELA
Numa entrevista para a revista "Fluir", acompanhada de um ensaio de
fotos, Luciane se definiu como "nem bruxa, nem Cinderela". Para a
Polícia Federal, no entanto, ela é suspeita de participar do esquema de
lavagem de dinheiro e desvio de recursos de fundos de pensão por meio da
empresa Invista, usada pela quadrilha para oferecer investimentos aos
regimes de previdência de municípios.
"O envolvimento da 'pastinha' Luciane Lauzimar Hoepers no esquema
criminoso desenvolvido pela Invista é inconteste", diz diz relatório da
PF. O documento afirma que Luciane abordou os prefeitos de Porto
Murtinho (MS), Ponta Pora (MS}, Cuiaba (MT), Catalao (GO), Joinville
(SC), Blumenau (SC) e Jundiaí (SP), entre outros municípios.
Além de confessar que participou do esquema, ela afirmou à polícia que
pelo menos um dos prefeitos procurados por ela aceitou propina. Foi
oferecido à Luciane o benefício da delação premiada. No entanto, como
ela ainda não tem advogado, o acordo de colaboração não foi feito.
Ela ficou cinco dias presa e foi indiciada por formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.
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