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sábado, 13 de julho de 2013

Lei obriga início do tratamento de câncer em 60 dias, mas diagnóstico pode demorar

 

Entrou em vigor uma lei federal que obriga o Sistema Público de Saúde a iniciar um tratamento contra o câncer, no máximo, 60 dias depois que ele tiver sido diagnosticado. Mas esse diagnóstico pode demorar demais.

 

Entrou em vigor, na semana passada, uma lei federal que obriga o Sistema Público de Saúde a iniciar um tratamento contra o câncer, no máximo, 60 dias depois que ele tiver sido diagnosticado. Uma forma de aumentar a chance de cura dos pacientes. Mas, muitas vezes, é exatamente esse diagnóstico que demora demais pra chegar.

 Em fevereiro Regina descobriu um caroço no seio. Mas ainda não sabe o que é. A biópsia, como mostra o pedido médico, está marcada para o mês que vem. E a consulta para julho: cinco meses depois de ela achar o caroço.

 

“Queria já saber, tudo normal, o que é, o que deixa de ser”, comenta Regina Maria Alves de Souza, dona de casa. 

 

O câncer é hoje a segunda causa de mortes no país, atrás apenas das doenças cardíacas. Na semana passada, começou a valer uma lei federal que determina que, uma vez diagnosticado o câncer, o tratamento tem que começar em até dois meses. 

 

Para os médicos, o diagnóstico de um câncer é tão desafiador quanto o tratamento da doença. 

 

É que é algo complexo que envolve uma série de exames, o estado geral de saúde da pessoa e, claro, o tempo para que tudo isso seja feito. 

 

O diretor do Instituto do Câncer de São Paulo explica que o prazo adequado entre a suspeita e a eventual confirmação da doença depende do tipo de câncer. No geral, o razoável são dois meses. 

 

“O grande problema, me parece, é entre a suspeita e o diagnóstico inicial. Os pacientes continuam com dificuldade de fazer aquela primeira consulta onde expõem seu problema ao médico. Uma vez que isso é feito nos precisamos acelerar também a disponibilidade ferramentas, de equipamentos que possam facilitar a biopsia e o diagnóstico do câncer, para que o paciente possa, então, ser encaminhado ao tratamento adequado”, aponta Paulo Hoff. 

 

Faz sete meses que Zanandrian Monzani tem fortes dores no abdômen. Em abril, um exame apontou um tumor no colo do útero. Deveria ter feito a biopsia no início deste mês, mas por causa de uma greve no hospital, o exame só foi realizado na semana passada. 

 

“O difícil é a dor e incerteza de a gente chegar no hospital e eles falarem para você: provavelmente a gente não descarta a possibilidade de ser um câncer”, lamenta. 

 

O Governo Federal diz que, ao fixar um prazo para o início do tratamento contra o câncer, a lei pode fazer também com que os diagnósticos fiquem mais rápidos. 

 

“A medida que estamos expandindo os serviços de tratamento, eles também são serviços para ampliar o diagnóstico, biopsias, ultrassom, endoscopia, colonoscopia. Isso é um movimento importante, não está dentro do escopo da lei, mas por derivação vai ampliar a oferta de diagnóstico e nós precisamos fazer cada vez mais precoce”, afirma Helvécio Magalhães, secretário Nacional de Atenção à Saúde.

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