Presidente se reuniu com ministros mas não deu declarações. CNBB também afirmou acreditar que Dilma fará pronunciamento.
O senador Pedro Simon (PMDB-RS) cobrou posição de Dilma em discurso (Geraldo Magela/Ag.Senado)
Parlamentares usaram discursos em plenário nesta sexta-feira (21) para
cobrar uma posição da presidente Dilma Rousseff sobre as manifestações
que ocorrem em todo o país. Nesta quinta, Dilma se manteve em silêncio
enquanto milhares de pessoas protestavam. Para o senador Pedro Simon
(PMDB-RS), está no momento de a presidente “se identificar com esse povo
que está na rua”.
“Dona Dilma, o seu pronunciamento hoje, desde que a senhora tomou posse
na Presidência da República, é o mais importante que a senhora vai
fazer. Eu diria mais, presidenta, hoje realmente é o início com relação
ao destino do prestígio do seu nome junto à sociedade. Caiu dez pontos?
Caiu. Mas, a partir de hoje, vai se decidir o rumo: se ela vai continuar
caindo ou se ela vai se estabilizar e começar a subir”, afirmou no
plenário do Senado.
A presidente ainda não se posicionou após o tensionamento das
manifestações. Nesta quinta-feira, mais de 1,25 milhão de pessoas
participaram dos protestos em mais de 100 cidades. Foi o maior dia de
protestos desde o início das passeatas. Na maior parte dos casos, os
atos foram pacíficos, mas houve confrontos com a polícia, vandalismo e
hostilidade contra militantes partidários em diversas cidades.
O senador Paulo Paim (PT-RS) defendeu que Dilma se manifeste sobre a
violência praticada por parcela dos manifestantes. “Acho, de fato, que a
presidenta tem que fazer um pronunciamento à nação. Claro que é um
movimento, como digo, mágico, porque a juventude, que muitos diziam que
estava adormecida está aí no campo, está no cenário, está no palco, está
como sujeito da história. Agora, a quebradeira, a balbúrdia que
aconteceu, isso merece uma posição perante o país, de chefe de Estado,”
afirmou.
Por sua vez, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) afirmou que um dos
motivos do protesto se deve à falta de diálogo entre o governo e a
população. “A presidenta precisava ouvir, inclusive, a oposição. Ouvir
só as pessoas ao redor é monólogo, não é diálogo. É, sobretudo,
importante ouvir as forças contraditórias, que têm visões diferentes,
mesmo que a gente não adote as visões diferentes”, defendeu.
Para o senador, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falhou
ao não consultar se o povo brasileiro, de fato, desejava que houvesse
Copa do Mundo no Brasil. Um dos motivos dos protestos é o gasto com a
Copa da Confederação, a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Para os
manifestantes, o dinheiro usado para esses eventos esportivos poderia
ser gasto com saúde e educação.
“Eu gostaria de ver hoje um discurso da presidenta falando do momento
que nós vivemos, reconhecendo os erros dela e dos governos anteriores,
reconhecendo que errou ao colocar nas direções dos ministérios pessoas
despreparadas, apenas porque representam forças partidárias, que errou
ao levar adiante prioridades equivocadas, como essa da Copa, custando
R$25 bilhões a R$30 bilhões, quando o Brasil não tem nem segurança para
garantir para os turistas”, discursou.
Na manhã desta sexta (21), Dilma se reuniu com ministros para tratar da
série de manifestações pelo país ocorridas nesta quinta-feira. O
encontro terminou após duas sem que nenhum representante do governo
desse declarações.
Pela agenda oficial da presidente, a reunião envolveu somente Dilma e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Mas o G1 apurou
que pelo menos os ministros Aldo Rebelo (Esportes) e Aloizio Mercadante
(Educação) também estavam presentes. A reunião durou das 9h30 às 11h30
desta sexta.
Em entrevista coletiva nesta, o presidente da Confederação Nacional dos
Bispos do Brasil, cardeal Raymundo Damasceno Assis, disse acreditar que
a presidente Dilma Rousseff fará algum pronunciamento público sobre as
manifestações. Ele e a presidente têm audiência marcada para a tarde
desta quinta, no Palácio do Planalto.
“Imagino que ela deverá fazer um pronunciamento. Ela deverá é claro
trazer uma palavra ao país, talvez um pronunciamento oficial, em rede
nacional, talvez o Planalto resolva por esse caminho. Mas isso cabe a
ele”, disse Raymundo Damasceno.
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