Presidente justificou que manobra fiscal bancou programas sociais.
Ela afirmou ainda que não se une o país destilando 'ódio, rancor e raiva'.
Planalto, que todos seus antecessores na Presidência da República
fizeram "pedaladas fiscais", manobra contábil que é um dos crimes
atribuídos a ela no processo de impeachment que tramita no Congresso
Nacional.
Nesta quarta, os juristas Miguel Reale Jr. e Janaina Paschoal – dois
dos três autores do pedido de impeachment da petista – defenderam na
comissão especial que analisa o processo de afastamento que as “pedaladas fiscais” constituem “crime grave”.
"Meu impeachment baseado nisso [pedaladas fiscais] significaria que
todos os governos anteriores ao meu teriam de ter sofrido impeachment
porque todos eles, sem exceção, praticaram atos iguais ao que eu
pratiquei. E sempre com respaldo legal", discursou Dilma em uma
solenidade na qual recebeu manifestações de apoio de artistas e intelectuais contrários ao impeachment.
Diante da plateia de celebridades, entre as quais a cantora Beth
Carvalho e a atriz Letícia Sabatella, a presidente disse que as
"pedaladas" foram necessárias para dar continuidade ao pagamento de
programas sociais como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida.
Dilma atacou ainda os adversários políticos que têm reivindicado a
renúncia dela de forma “sistemática”. Segundo ela, isso é
“constrangedor”.
No início de março, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves
(MG), sugeriu em um discurso na tribuna do Senado que a presidente
renuncie para encerrar as crises política e econômica. Em resposta ao
parlamentar tucano, Dilma tem reiterado que não renunciará.
'Ódio e intolerância'
Em meio ao discurso que fez aos artistas e intelectuais, Dilma Rousseff
afirmou, sem citar nomes, que não adianta alguns falarem "vamos unir o
país" no ambiente de “ódio” e “intolerância” que tem tomado conta do
Brasil.
Desde o ano passado, o vice-presidente Michel Temer – primeiro na linha
de sucessão da Presidência – tem defendido que a situação política
brasileira é "grave" e tem ressaltado a necessidade de alguém "unificar o país". Desde então, ministros do PT passaram a acusar o peemedebista de estar tentando se promover como um "salvador da pátria".
De acordo com Dilma, o Brasil não pode ser dividido em duas partes, com
as pessoas sendo estigmatizadas pelo que pensam. Na avaliação da
petista, esse clima poderá gerar uma “ruptura” da sociedade.
"Temos de lutar para superar esse momento. Temos de lutar para poder
voltar a crescer e criar na nossa sociedade um clima de união. Não
adianta alguns falarem 'vamos unir o país'. Não se une o país dessa
forma. Não se une o país destilando ódio, rancor, ravia e perseguição.
Não se pode fazer isso", enfatizou.
Pediatra
Em outro trecho de sua fala, a presidente da República condenou o episódio da pediatra gaúcha que negou atendimento a uma criança de um ano simplesmente porque a mãe do menino é filiada ao PT.
“É muito grave quando uma médica se recusa a tratar de uma criança
porque o pai e a mãe desta criança integram o Partido dos Trabalhadores.
Isso é muito triste”, disse. “Este país nunca teve esse lado fascista.
[…] Sabemos que tem, sim, hora em que surge ali um fundamentalismo.
Agora, estigmatizar as pessoas pelo que elas pensam?”, completou.
Dilma afirmou não ser “correto” que pessoas sejam estigmatizadas pelo
que pensam e é preciso lutar para superar o atual momento. Sem citar
nomes, a presidente também declarou que não adianta “alguns” falarem
“vamos unir o país” enquanto “destilam ódio, rancor, raiva e
perseguição”.
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