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sexta-feira, 18 de outubro de 2013

No "Dia do Médico", cirurgião vascular Kelston Felice crítica programa do governo federal

o imparcial

Falar do ofício do médico não é fácil. Através de seu conhecimento e talento, o médico conduz esperança e saúde aos que necessitam. Para este profissional, todo dia é dia de salvar vidas. Nesta data tão importante, o jornal O Imparcial resolveu fazer uma reportagem especial com o cirurgião vascular Kelston Felice para saber sobre o dia-a-dia da profissão e a paixão que essas pessoas têm pela vida humana. Ele também aproveitou para dizer que o programa “Mais Médicos” está fadado ao fracasso pela falta de investimentos do próprio Governo Federal na saúde pública do país. “Eu tenho grande receio de que todo esse investimento não vá resolver, talvez até piore a saúde pública do Brasil. No primeiro momento parece uma coisa boa, mas não é. Não adianta ter médicos à disposição se não tiver a estrutura necessária para que eles possam atuar”, disse o cirurgião vascular.

Kelston acredita que na atualidade o pior inimigo da saúde pública brasileira tem sido a má gestão dos governantes. Para o presidente do Conselho Regional de Medicina do Maranhão, Abdon Murad, a aprovação da Medida Provisória 621/2013, que criou o programa “Mais Médicos”, na última quarta-feira, colabora para esta afirmação. O texto final não teve alteração em relação ao conteúdo aprovado na última semana pela Câmara dos Deputados. De acordo com o documento, o Ministério da Saúde será o responsável pela emissão do registro profissional de médicos formados no exterior. Os Conselhos Regionais de Medicina (CRM) permanecerão com a responsabilidade de fiscalizar o trabalho dos médicos do programa.

A história da medicina


A medicina é a ciência que investiga a natureza e a origem das doenças do homem de modo a preveni-las, controla-las e cura-las, preservando assim a saúde das pessoas. A palavra deriva do verbo latino mederi que significa curar e tratar. A ciência surge de forma experimental, como resultados de experiências com técnicas ainda rudimentares como tomar banho frio para baixar a febre, por exemplo. Desenhos rupestres mostram que na pré-história o homem já reconhecia algumas doenças e o efeito terapêutico de plantas curativas, além do calor, frio e luz solar.

Somente no final do século é que se inicia a medicina moderna através do estudo da anatomia humana. Em 1543, o médico André Vesálio publica "A organização do corpo humano" com descrições e detalhes do corpo humano, representando um grande avanço na medicina ainda incipiente. Para conceber a obra, André usou a técnica de dissecação de cadáveres, tendo sido, por isso, condenado à morte pela Inquisição.

A graduação em Medicina tem duração de seis anos, em média, além da residência médica ou especialização. Quando formado, o médico deve optar por uma especialidade na qual deseja clinicar, estendendo seus estudos por mais dois anos. É na especialização que ele adquire experiência e tem contato com o dia-a-dia da profissão. Para saber mais sobre as faculdades que oferecem o curso superior em Medicina, visite a página do guia do estudante na internet.
 
 
Kelston Felice, cirurgião vascular

Há quanto tempo exercem a medicina e o que ela lhes proporcionou neste período?
Estou formado a 12 anos marcados por muitas alegrias, muitos sofrimentos, lógico, e muita experiência de vida. A profissão me enriqueceu como ser humano, pois a arte de ajudar as pessoas a viverem melhor é uma coisa que trás uma gratidão muito grande. Obviamente sofremos quando não conseguimos alcançar essa meta.

Como conseguiram conciliar a vida pessoal com a profissional?
São escolhas que você tem que fazer. Obviamente quando você decide fazer alguma coisa na sua vida, tem que fazer isso bem feito. A pessoa que escolheu a medicina tem que ter uma prioridade. Você ajudar pessoas e salvar vidas às vezes não tem momento e precisamos estar preparados a abdicar de nós mesmos. Graças a Deus conseguimos, hoje, trabalhar em equipe em uma instituição que oferece suporte para diluir a responsabilidade. É uma tarefa árdua você conseguir conciliar seu tempo, mas com bastante inteligência e com a compreensão das pessoas ao seu redor é possível sim.

Houve algum acontecimento especial em suas vidas ao qual não puderam estar presentes por causa do trabalho?
Já aconteceram várias vezes, em reuniões festivas, eu não poder estar presente ou precisar me ausentar por causa de alguma emergência. Os plantões eventualmente nos obrigam a abrir mão de algumas datas especiais. Eu particularmente ainda tenho uma parte da família no Paraná e, muitas vezes, acabo preso aqui no período das festas por causa das obrigações da profissão. Acontece com bastante freqüência, mas faz parte do sacrifício que eu assumi para exercer minha profissão.

Como vocês avaliam o papel do médico atualmente?

Eu acho que é a mesma de todo o tempo. A medicina é uma profissão milenar. O médico desde a antiguidade exerce a função de ajudar as pessoas a viverem melhor, ajudar a salvar vidas e a superar momentos de problemas de saúde com o conhecimento que ele adquiriu. Hoje a tecnologia avançou muito e conseguimos dar muito mais qualidade de vida as pessoas. O papel do médico é ser interlocutor da ciência e pessoas. Infelizmente não trabalhamos sozinhos e muitas vezes pela falta da infraestrutura o médico fica de mãos atadas sem condição de se fazer o melhor para o paciente.

Por que escolheram esta especialidade?

Eu quando escolhi a profissão tive algumas pessoas que me inspiraram com sua capacidade e inteligência na medicina. Durante o curso me identifiquei logo de cara com a área cirúrgica, com anatomia, etc. Isso é uma coisa que o médico já sabe ainda no primeiro ano de faculdade. É algo relacionado com a personalidade.

Como era a graduação na época de vocês e como é hoje?
Na minha época, não faz muito tempo, nós tínhamos pouco mais de 82 faculdades de medicina em todo o Brasil e por isso havia uma cobrança muito grande em questão de qualidade, ou seja, as faculdades de medicina teriam que oferecer aos alunos um aprendizado pleno. Hoje em dia com essa abertura de faculdades eu não acredito que exista um controle sobre esta qualidade. Eu me preocupo muito com os acadêmicos de medicina estar perdendo muito desta qualidade.

Quais são os maiores inimigos da saúde no país?

Hoje eu acho que é a má gestão pública. A falta de investimentos no setor é o grande problema da nossa sociedade na atualidade. A rede privada e pública são dois sistemas que se complementam para ser uma convivência nas duas áreas. A gente vê o investimento em saúde pública é muito baixo. Eu tenho acompanhado esse crescimento até hoje e a quantidade de médicos por habitante é menor. A saúde pública piorou e a culpa é do médico? Não. O número desses profissionais e a qualidade aumentaram muito, mas você não vai conseguir fazer nada se não houver investimento.

O que você acha do programa “Mais Médicos”?

A medicina precisa de tecnologia. Não adianta ter médicos a disposição se não tiver a estrutura necessária para que eles possam atuar. A maior causa de mortes são doenças cardiovasculares, traumas e câncer. Elas precisam de tecnologia e se o governo não disponibilizar isso de alguma forma acredito que não vai dar certo. Eu tenho grande receio de que todo esse investimento não vai resolver, talvez até piore a saúde pública do país. No primeiro momento parece uma coisa boa, mas não é. Não se questiona a chegada de novos médicos, mas a capacidade deles.

Qual é o maior desafio da vida?
Eu acho que o maior desafio da vida é você buscar qualidade de vida conciliando a tua profissão e os desafios que à vida lhe proporciona no dia a dia. Muitas vezes acaba se dedicando tanto à profissão que acaba esquecendo de cuidar e você mesmo. Eu acho que todos nós como médicos é mostrar ao governo que os nossos anseios são os mesmo que a população busca. Gostaríamos que o governo pensasse como nós e não simplesmente tomasse medidas que talvez não sejam as mais adequadas.

Qual é a grande lição que a profissão lhes proporcionou?

A maior lição que a gente pode ter é saber que não existe um bem maior que a vida do ser humano. Esse é o maior bem de todos. A busca por salvar e ajudar as pessoas a viverem melhor é como se você estivesse entregando esse bem maior. Eu acho que é isso

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