Os
serviços de construção das 22 barracas do Arraial da Lagoa, que haviam
sido embargados em 27 de maio, por constatação de trabalho análogo à
escravidão, já foram retomados. Na época do embargo, o Ministério
Público do Trabalho no Maranhão (MPT-MA) e o Ministério do Trabalho e
Emprego (MTE-MA), com o apoio da Polícia Federal, resgataram 25
trabalhadores na obra, entre eles um adolescente de 17 anos. No local,
não havia água potável nem equipamentos de proteção para os
trabalhadores (botas, capacetes, óculos etc.). Também faltavam
alojamentos sanitários e todos os operários foram contratados de forma
irregular.
A empresa Carmel Construções Ltda – que foi
responsabilizada pelas irregularidades, junto com o governo do estado, o
São Luís Convention & Visitors Bureau e a administração da Lagoa da
Jansen – segue à frente dos serviços, mas antes teve de cumprir a
quitação das verbas rescisórias dos operários e adequar o canteiro de
obras, com banheiros químicos, refeitórios, vestiários, equipamentos de
proteção individual (EPIs), legalização dos novos trabalhadores
contratados, entre outros itens.
De
acordo com o auditor fiscal, Silvio Pinheiro, chefe da Inspeção do
Trabalho do MTE-MA, a Carmel Construções pagou todas as verbas
rescisórias dos trabalhadores resgatados e se readequou as exigências
feitas pelo órgão com base nas leis trabalhistas. Ele relatou que a
empresa recebeu pelo menos 14 autos de infração, com valores que variam
de R$ 3 mil a R$ 4 mil, por conta das inúmeras irregularidades
identificadas no canteiro de obras.
“Os trabalhadores, oriundos de
Penalva, retornaram ao seu local de origem e novos homens, desta vez de
São Luís, foram contratados para continuar os serviços”, explicou
Pinheiro.
Segundo a procuradora do Trabalho Anya Gadelha, um
inquérito civil foi instaurado contra os agentes envolvidos no caso
(governo do estado, Carmel Construções, administração da Lagoa da Jansen
e São Luís Convention & Visitors Bureau), entretanto, o processo
encontra-se na fase de instrução.
Ela explicou que os
trabalhadores resgatados já foram ouvidos sobre as condições de
recrutamento e de trabalho constatadas pela fiscalização.
“Ainda
estamos na fase de instrução. Precisamos identificar o papel de cada
agente neste processo. Nosso intuito é resolver o caso de forma
amigável, sem precisar propor uma ação civil pública. Após definirmos as
responsabilidades de cada um, formataremos um Termo de Ajustamento de
Conduta (TAC), que poderá resultar não só em obrigações de fazer como em
pagamentos por danos. Se o documento for aceito pelos agentes
envolvidos, a situação está resolvida. Se não, partiremos para a ação
civil. O resultado desse processo deve sair até o fim deste mês”, disse
Gadelha.
POR JULLY CAMILO
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