De São Paulo
- Alan Marques-17.mar.2016/Folhapress
Lula e Dilma durante cerimônia no Palácio do Planalto no último 17 de março
O advogado Cristiano Martins Zanin, que faz a defesa do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou em entrevista à rádio Estadão nesta
segunda-feira (21), que apesar de o Supremo Tribunal Federal (STF) estar
esta semana em recesso de Páscoa, espera uma decisão sobre o habeas
corpus impetrado na noite de domingo (20) contra a decisão do ministro
Gilmar Mendes.
A decisão de Mendes, além de suspender o ato de
nomeação de Lula para a Casa Civil, determinou o retorno das ações e dos
inquéritos em que o ex-presidente é investigado no âmbito da Lava Jato
para o juiz Sérgio Moro.
"Sabemos que a corte está sem trabalho
essa semana, mas acredito que pode haver algum pronunciamento antes da
próxima sessão (prevista para o dia 30), mesmo que seja monocrática, de
um ministro", afirmou.
Em entrevista concedida na manhã desta
segunda à Jovem Pan, o ministro Gilmar Mendes disse que, em tese, não há
impedimento legal para um eventual pedido de prisão de Lula, até que o
STF dê seu parecer sobre a nomeação do petista para a Casa Civil, pois
hoje ela está suspensa e ele não conta com o chamado foro privilegiado.
Indagado sobre essa hipótese, Cristiano Zanin disse que isso é uma
"arbitrariedade".
"Não vejo a menor possibilidade dentro do
ambiente de legalidade (de uma eventual prisão de Lula) e é preciso
lembrar que Lula sequer é réu, não há ação penal e nem ação recebida por
um juiz (que o torne réu)", disse o advogado do ex-presidente da
República à rádio Estadão. E continuou: "Só uma arbitrariedade poderia
levar a um cenário de eventual prisão de Lula, pois a análise dos atuais
fatos indica que não há qualquer medida extrema que envolva Lula, por
isso só uma arbitrariedade e, se por acaso houver, tem de ser coibida
pelos meios legais."
Cristiano Zanin disse também que a decisão
sobre a competência das investigações sobre Lula cabe ao ministro Teori
Zavascki decidir e não a Gilmar Mendes, que em sua decisão remeteu as
ações e os inquéritos de volta para Moro. "O destinatário desses
processos só pode ser Teori Zavascki, que é o relator da Lava Jato nesta
corte, e não o ministro Gilmar Mendes, num habeas corpus que apenas
questionava a nomeação (de Lula)."
O advogado de Lula criticou
ainda a divulgação dos áudios das interceptações telefônicas, destacando
que houve divulgação de conversas sem a devida autorização judicial,
numa referência ao diálogo entre Lula e a presidente Dilma Rousseff ter
sido feito após o juiz Sérgio Moro determinar a suspensão dessas
gravações. Segundo ele, além de ser ilegal, ela deveria ter sido
destruída ou remetida ao STF por envolver uma autoridade com
prerrogativa de foro, que é a presidente Dilma Rousseff.
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