O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Arnaldo Melo,
afirmou, ontem, em conversa com jornalistas, que a governadora Roseana
Sarney não tem convicção se deve renunciar ao mandato para concorrer a
uma cadeira no Senado Federal, na eleição de outubro próximo. Segundo
Melo, embora falte apenas um mês para o fim do prazo legal para
desincompatibilização, Roseana nunca tratou com ele sobre eleição
indireta, mas adiantou que se assumir o governo vai cumprir o que for
acertado com o seu grupo político, e que espera também que o grupo
cumpra o que for acordado com ele.
“O
que eu observo é que a governadora Roseana não tem convicção se deve ou
não renunciar ao mandato. Mas acredito que ela é uma pessoa que sempre
sabe decidir as coisas na hora certa, que ela saiba se deve sair e
comunicar aos amigos e avaliar qual será o melhor caminho para o seu
grupo, que é muito grande, possui homens e mulheres valorosos, porque, a
partir da decisão dela, vão se desencadear outras decisões”.
Arnaldo
Melo disse que nunca falou algo para não cumprir, e recomendou
pesquisar sua história como parlamentar para ver que ele nunca disse uma
coisa para não cumprir, mesmo nos momentos mais difíceis.
“Eu sou homem
de compromisso; se acertar alguma coisa com alguém eu cumpro. O que eu
quero dizer com isso? Se eu assumir mandato tampão ou qualquer coisa de
acordo com o meu grupo eu cumpro. Não tenho interesse em ser governador
para não cumprir. Eu digo sempre: a Assembleia é maior que meu mandato e
o meu mandato é maior do que eu. Portanto, se eu acertar com o grupo eu
cumpro e tenho certeza que o que eles acertarem comigo cumprirão
também”, observou.
Na conversa descontraída, o dirigente do
legislativo defendeu a candidatura de Roseana ao Senado, por
considerá-la um bom nome, uma liderança muito bem articulada em Brasília
que daria, segundo ele, uma grande contribuição ao Estado. “Essa é
minha opinião pessoal; agora, ela (Roseana) tem umas questões de ordem
pessoal que tem que resolver. Eu sei que a grande maioria do grupo
político acha que ela deve ser candidata, mas a gente precisa respeitar
as questões de fórum íntimo da pessoa; afinal de contas, essa senhora já
foi deputada federal, senadora, governadora quatro vezes. É realmente
uma sobrecarga muito grande que ela conduz, no sentido político;
portanto, a ela cabe essa decisão. Mas eu vejo isso com naturalidade.Na
hora que ela decidir me chamar para conversar eu estou pronto para
conversar, sou um homem de diálogo, mas de posição”.
Disse ainda
Arnaldo Melo que o secretário e pré-candidato ao governo, Luís Fernando
Silva, também nunca conversou com ele sobre processo de eleição
indireta. “Certa vez conversamos rapidamente e ele me disse que se eu
assumisse poderia ajudá-lo e eu reiterei que se eu assumisse o governo
ele poderia contar comigo para ajudar na campanha naquilo que eu puder,
mas não tratou de eleição indireta aqui. Aliás, sobre esse assunto, as
únicas pessoas com quem eu trato são os deputados, que são os
eleitores”, enfatizou.
Arnaldo esclareceu ainda que não existe a história de
inelegibilidade, caso assuma o cargo e seja obrigado a voltar para o
Poder Legislativo porque a governadora não se desincompatibilizou,
ontem, dia 6 de março. “No caso de um deputado assumir, a partir de
ontem, ele teria apenas 29 dias para realizar a eleição a não ser que
ele vá e não tenha interesse em realizar eleição indireta antes do
trigésimo dia. Mas tudo isso é especulação porque não se pode dar um
passo sobre esse projeto em razão de ser uma decisão unilateral da
governadora e ela até hoje não manifestou a decisão de disputar o
Senado”.
Melo aproveitou a conversa com os jornalistas para repor
‘informações distorcidas’ que teriam sido atribuídas a ele sobre, por
exemplo, que a Resolução Legislativa que vai regulamentar a eleição
indireta somente será apresentada caso a governadora decida renunciar.
“Eu nunca disse isso, mesmo porque quando ela renunciar, se não tiver
Resolução, fica o vazio. O que eu disse é que nós só vamos colocar uma
Resolução para regulamentar a eleição indireta no momento que a
governadora decidir que vai sair e comunicar ao seu grupo que pretende
disputar o Senado. A partir daí é que nós vamos discutir a votação da
Resolução que regulamenta a lei. No momento que ela decidir nós
apresentaremos a Resolução dentro de um prazo que respeite a lei
anterior, que prevê 30 dias para a execução da eleição indireta”.
O
presidente observou ainda que já viu analista colocando que ele ficou
em situação desconfortável pelo fato da governadora não ter renunciado
dia seis de março, mas disse que tudo não passa de falta de informação.
“Eu estou muito tranquilo como deputado estadual, como presidente da
Casa, sou candidato natural a deputado estadual, porém estou na linha
sucessória. Não fui eu quem colocou isso na Constituição, e nós juntos
aqui politicamente acertamos que iríamos votar no vice-governador para o
Tribunal de Contas do Estado; portanto, hoje, na ausência da
governadora eu a substituo, então eu me sinto muito tranqüilo”.
Ao final da entrevista, o jornalista Jorge Vieira, do JP,
perguntou se o jogo não já estava jogado desde que o vice-governador
foi convencido a assumir a vaga no TCE e por que o projeto original de
eleger Luís Fernando indiretamente não funcionou. Arnaldo respondeu: “Eu
não vejo desta maneira. Não vejo assim porque eu nunca ouvi a
governadora dizer ‘eu sou candidata a senadora’. Então, quando o vice
foi para o TCE gerou uma expectativa de que ela poderia sair e se saísse
o presidente da Assembleia assumiria e faria a eleição indireta em 30
dias para consolidar o nome dele para o restante do mandato ou fazer a
eleição em que qualquer cidadão maranhense possa participar de acordo
com a legislação eleitoral”, concluiu o presidente do Poder Legislativo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário