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domingo, 13 de outubro de 2013

Facções disputam controle de bairros da capital maranhense

Facções criminosas como Primeiro Comando do Maranhão (PCM) e o Bonde dos 40 se instalaram na Grande São Luís, principalmente, na periferia em como Maiobão, São Francisco, Aldeia, Anjo da Guarda, Liberdade, Divineia, Alto do Calhau, Areinha, além de bairros que compõe a área Itaqui-Bacanga, todas dominadas pela organização criminosa.

As presenças das facções PCM e Bonde dos 40 aparecem de forma mais intensa em bairros como Ilhinha, no São Francisco e Vila Conceição, no Alto do Calhau. Segundo os moradores dessas localidades, essas organizações criminosas comandam o narcotráfico dentro e fora dos presídios como ainda proporcionam clima de terror na localidade devido realização de execuções mútuas de seus integrantes em busca do controle das “bocas de fumo”. 

Ilhinha, em São Luís, é apontado como um dos pontos de tráfico comandados pela facção Bonde dos 40 ( SAULO DO VALE/OIMP/D.A PRESS )
Ilhinha, em São Luís, é apontado como um dos pontos de tráfico comandados pela facção Bonde dos 40

Dados estatísticos do Ministério da Justiça informam que somente em 2013, na capital, ocorreram 587 homicídios e dentro dos presídios, um total de 37. “Recentemente teve uma noite que foi uma verdadeira chuva de bala em frente a minha casa, pois, o meu único medo foi de alguma me atingir”, falou o morador da Avenida São Bento, na Vila Conceição, Francisco Rocha, 65 anos.
 
Ele também comentou que esse tiroteio foi um confronto entre os participantes do Bonde dos 40 com do PCC, na Rua da Caema. Já a outra moradora, que não quis se identificar com receio de represália, comentou que todos conhecem a Rua da Caema como a “Rua da Boca” devido morarem vários traficantes e servir de local para a venda de drogas. Essa comercialização é feita de forma a luz do dia, mas, sendo intensa na parte da noite e madrugada. “Os aviões ficam nas portas a espera dos clientes, enquanto, os traficantes ficam no controle da situação dentro das suas residências”.

O cenário é o mesmo na Rua da Juçara. De acordo com a doméstica Ana Almeida, de 35 anos, as casas a noite ficam fechadas, enquanto, as crianças ficam sem brincar na rua e muitos menos os vizinhos podem sair para ir a um comércio. “Estamos vivendo a mercê da sorte e parecendo que estamos vivendo com o toque de recolher”, comentou a doméstica

Sem acesso
Os veículos não tem mais acesso a Vila Conceição, pois, as obras da ponte ainda não terminaram e isso acabou dificultando o trabalho do policiamento ostensivo nesse bairro. “Viatura da PM não entra mais aqui. Param na cabeceira da ponte e retornam. Esta é a nossa realidade”, declarou Maria de Fátima Nunes, moradora da Travessa da Rua da Caema.

Na cabeceira da ponte há apenas um monte de barro e buracos com muita lama. Nem a placa da obra não está mais no local que estava furada de bala e os moradores resolveram arrancar.

Primeiro Comando do Maranhão seria a facção responsável pela comercialização de drogas na Vila Conceição ( SAULO DO VALE/OIMP/D.A PRESS )
Primeiro Comando do Maranhão seria a facção responsável pela comercialização de drogas na Vila Conceição

Gangues reinando

Somente nos cinco primeiros meses deste ano, a polícia conseguiu registrar mais de 18 homicídios no eixo São Francisco e Ilhinha que muitos destes crimes são atribuídos as ações das gangues. O delegado titular do 9º Distrito Policial, Sebastião Cabral, na época por meio de investigações acabou constatando que essas ações criminosas estavam sendo desenvolvidas pelos membros da PCC. Este grupo teve início na região Sudeste e conseguiu se estender seus tentáculos por todo o país, no momento, está instalado na Vila Conceição.

Atualmente é comum encontrar quitadas com grades de ferro, inúmeras residências para alugar ou vender como ainda vários estabelecimentos comerciais fechados, na Ilhinha. O ponto comercial de Anacleto Viegas, de 53 anos, é todo gradeado e com cadeados enormes nos portões, na Rua da União. Ele falou que foi vítima de assalto mais de oito vezes e a última vez que foi assaltado levaram uma quantia de R$ 500 e produtos alimentícios. “Estou querendo mudar daqui, porque, aqui de fato reina o tráfico e os assaltantes”.

Na Travessa da Rua 9, uma moradora, não identificada, disse que na maioria das noites sempre ocorrem troca de tiros entre os traficantes e na manhã seguinte é possível encontrar marcas de balas nas paredes das casas e cápsulas de munição, inclusive, de sete meia cinco ou de trinta e oito. “As crianças fazem é brincar com as balas usadas pelos traficantes”.

Na principal avenida dessa comunidade, a Ferreira Gullar, cerca de 60% dos comércios fecham as portas antes das 17h devido as ocorrências de assaltos e a presença de traficantes andando pela área. Muitos deles circulam de carros com fumê 100% e outros de motocicletas.

“Precisamos de policiamento no bairro, pois, passam mais de 10 dias para uma viatura da PM transitar pela nossa rua”, afirmou Anacleto Viegas.

Policiamento ostensivo contra o tráfico
Em nota a Secretaria de Segurança Pública informa através do 8º Batalhão da Polícia Militar (BPM) que o policiamento nos bairros Ilhinha, Vila Conceição e Alto do Calhau é feito por meio de viaturas que fazem diligência durante 24 horas, com o intuito de combater delitos. De acordo com o comandante do 8º BPM, major Francisco Wellington Silva de Araújo, na Ilhinha há a viatura 121 que cobre todo o bairro, além de operações desencadeadas de acordo com a decisão de um oficial.

Além disso, o policiamento conta com motos da Guarnição Albatroz. O apoio do Esquadrão de Policiamento Montado se faz presente e obedecem a um rodízio de dias. "Os dias e horários não são rotineiros, estabelecemos previamente um rodízio para as diligências do policiamento montado", explicou o major.

Nos bairros Vila Conceição e Alto do Calhau o major esclareceu que o policiamento é feito por meio das viaturas da Litorânea e do Parque Shalon que se revezam em diligências durante 24 horas. O policiamento também conta com o apoio de motos que também obedecem a dias e horários pre-estabelecidos. "Nós também realizamos operações constantes em todas essas áreas", completou.

Memória
Em abril deste ano, a polícia encontrou o corpo do irmão do traficante “Manoel Chapola”, em uma rua localizada nas proximidades do Shopping do Automóvel, no Calhau. Ainda durante esse mês, o traficante em companhia de “Leleco” foi até a Ilhinha com o objetivo de matar “Paiakan”, que supostamente seria o autor do crime contra seu irmão. 

o imparcial

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