Atacante lembra dificuldades do começo de
carreira e promete recompensar a mãe: 'Vendia as coisinhas dela para
pagar minha passagem'
O futebol é um mundo recheado de histórias de superação. Mais uma delas
está sendo escrita com a camisa do Botafogo neste Campeonato
Brasileiro. Aos 26 anos, Elias encontrou no clube a porta aberta para
brilhar e finalmente ver seu nome reconhecido. Autor dos dois gols da
vitória por 2 a 1 sobre o Santos, domingo, na Vila Belmiro, foi preciso percorrer um longo e árduo caminho, que contou até com uma paralisação na carreira pela falta de oportunidades.
A busca de Elias por um espaço no futebol começou ainda aos 13 anos.
Natural de Campos, recebeu uma chance no Goytacaz, mas se tornou um
andarilho até abandonar a carreira aos 21 anos de idade para trabalhar
em uma usina de cana de açúcar, em Sapucaia.
- Minha trajetória mexe bastante comigo. Passei por uma situação
difícil, em uma época que não surgia nada, e decidi voltar a trabalhar.
Não era para mim. Sempre vivi para o futebol. Trabalhava em uma usina,
de ajudante. Foram três meses - disse Elias.
A insistência de dirigentes do Sampaio Corrêa foi fundamental para
impedi-lo de desistir do futebol. Assim, deixou o emprego na usina para
voltar ao futebol e seu salário saiu de cerca de R$ 500 para R$ 1 mil.
Então, o Resende apareceu em sua vida e ajudou a melhorar a sua
situação.
Elias só tem motivos para sorrir no momento pelo Botafogo (Foto: Fernando Soutello / Agência Estado)
Desde então, Elias vem se dedicando pra ganhar sua grande chance.
Passou pelo Bahia no Campeonato Brasileiro do ano passado, mas teve três
lesões e o clube não se interessou em mantê-lo. O Botafogo já começa a
pensar na possibilidade. Seu contrato de empréstimo termina no fim do
ano.
- O pessoal do Sampaio Corrêa não parava de me ligar. Depois do meu
primeiro jogo, o Resende assinou um pré-contrato comigo e pagava parte
do meu salário. Fiz 23 gols na Série C do Rio naquele ano. Tenho um
carinho muito grande pelo Resende, e pelo Alberto Macedo (administrador
do clube na época e hoje vice-presidente jurídico do Botafogo), que me
ajudou muito. Tenho ele como um pai - disse Elias.
Para chegar ao ponto em que está hoje na carreira, o atacante precisou
da ajuda de sua mãe, Alzeli. Preocupada com o futuro do filho,
colaborava com o dinheiro da passagem como podia, mas questionava se a
escolha de Elias daria certo.
Elias e Alzeni, pais do atacante do Botafogo
(Foto: Arquivo Pessoal)
(Foto: Arquivo Pessoal)
Agora, a recompensa começa a aparecer. Titular do Botafogo desde a saída de Vitinho, negociado com o CSKA Moscou, Elias se transformou em peça importante. Ele marcou três gols nos últimos três jogos e está apenas um atrás de Rafael Marques, artilheiro do time no Campeonato Brasileiro.
- Deus viu que minha vida era com o futebol. Para quem trabalha honestamente, as coisas acontecem. Estou só dando continuidade, vestindo a camisa do Botafogo. Quem passa por isso sabe como é importante fazer gols por esse clube - disse Elias.
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