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terça-feira, 17 de setembro de 2013

Da usina de açúcar aos gols pelo Botafogo, Elias pensou até em parar

Atacante lembra dificuldades do começo de carreira e promete recompensar a mãe: 'Vendia as coisinhas dela para pagar minha passagem'

  O futebol é um mundo recheado de histórias de superação. Mais uma delas está sendo escrita com a camisa  do Botafogo neste Campeonato Brasileiro. Aos 26 anos, Elias encontrou no clube a porta aberta para brilhar e finalmente ver seu nome reconhecido. Autor dos dois gols da vitória por 2 a 1 sobre o Santos, domingo, na Vila Belmiro, foi preciso percorrer um longo e árduo caminho, que contou até com uma paralisação na carreira pela falta de oportunidades.

A busca de Elias por um espaço no futebol começou ainda aos 13 anos. Natural de Campos, recebeu uma chance no Goytacaz, mas se tornou um andarilho até abandonar a carreira aos 21 anos de idade para trabalhar em uma usina de cana de açúcar, em Sapucaia.

- Minha trajetória mexe bastante comigo. Passei por uma situação difícil, em uma época que não surgia nada, e decidi voltar a trabalhar. Não era para mim. Sempre vivi para o futebol. Trabalhava em uma usina, de ajudante. Foram três meses - disse Elias.

A insistência de dirigentes do Sampaio Corrêa foi fundamental para impedi-lo de desistir do futebol. Assim, deixou o emprego na usina para voltar ao futebol e seu salário saiu de cerca de R$ 500 para R$ 1 mil. Então, o Resende apareceu em sua vida e ajudou a melhorar a sua situação.

Elias Coletiva Botafogo (Foto: Fernando Soutello / Agência estado)
Elias só tem motivos para sorrir no momento pelo Botafogo (Foto: Fernando Soutello / Agência Estado)

Desde então, Elias vem se dedicando pra ganhar sua grande chance. Passou pelo Bahia no Campeonato Brasileiro do ano passado, mas teve três lesões e o clube não se interessou em mantê-lo. O Botafogo já começa a pensar na possibilidade. Seu contrato de empréstimo termina no fim do ano.

- O pessoal do Sampaio Corrêa não parava de me ligar. Depois do meu primeiro jogo, o Resende assinou um pré-contrato comigo e pagava parte do meu salário. Fiz 23 gols na Série C do Rio naquele ano. Tenho um carinho muito grande pelo Resende, e pelo Alberto Macedo (administrador do clube na época e hoje vice-presidente jurídico do Botafogo), que me ajudou muito. Tenho ele como um pai - disse Elias.

Para chegar ao ponto em que está hoje na carreira, o atacante precisou da ajuda de sua mãe, Alzeli. Preocupada com o futuro do filho, colaborava com o dinheiro da passagem como podia, mas questionava se a escolha de Elias daria certo.

Elias Alzeni (Foto: Arquivo Pessoal)
Elias e Alzeni, pais do atacante do Botafogo
(Foto: Arquivo Pessoal)

- Minha mãe é guerreira. Vendia as coisinhas dela para pagar minha passagem. Tinha uma barraquinha para vender biscoito, sorvete, bala. Ela ficava preocupada, perguntava se esse negócio de futebol poderia dar em nada. Eu falava para ela ficar tranquila, mas estava gastando o dinheirinho dela. Tenho que dar um retorno. Só ficar sugando é fogo - comentou Elias, que tem o mesmo nome do pai, que mora com a mãe em Sapucaia.

Agora, a recompensa começa a aparecer. Titular do Botafogo desde a saída de Vitinho, negociado com o CSKA Moscou, Elias se transformou em peça importante. Ele marcou três gols nos últimos três jogos e está apenas um atrás de Rafael Marques, artilheiro do time no Campeonato Brasileiro.


- Deus viu que minha vida era com o futebol. Para quem trabalha honestamente, as coisas acontecem. Estou só dando continuidade, vestindo a camisa do Botafogo. Quem passa por isso sabe como é importante fazer gols por esse clube - disse Elias.

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