Ocupantes do Residencial Nova Terra,
empreendimento pertencente à Caixa Econômica Federal (CEF), na região da
Matinha – São José de Ribamar, fizeram um protesto, por volta das 9h30
de ontem (19), em frente ao prédio da Justiça Federal, localizado na
Areinha, pedindo um posicionamento do juiz Carlos Alberto Madeira a
respeito da notificação de desocupação dessas pessoas, ocorrida no dia
12 deste mês, como parte da primeira etapa da “Operação Zodíaco”, sob
determinação judicial.
Manifestantes fazem ato de protesto em frente ao prédio da Justiça Federal, na Areinha. (Foto: Francisco Silva)
De
acordo com Carlos Cunha, de 58 anos, membro da diretoria da Associação
dos Moradores do Nova Terra, o juiz Madeira deveria ter ouvido ambas as
partes antes de assinar a liminar favorável à desocupação.
“Quando
resolvemos ocupar o local, vieram, junto conosco, vândalos
oportunistas, mas eles só representam 5% do total. Nós somos pais de
família, e não temos onde morar. Portanto, o juiz deveria ter escutado o
nosso ponto de vista, mas preferiu escutar somente os advogados da
Caixa Econômica Federal”, declarou.
Durante a manifestação, os
ocupantes denunciaram irregularidades do programa Minha Casa, Minha
Vida, alegando que as pessoas que realmente foram contempladas pelo
sorteio não usufruíram do benefício porque o ITBI (Imposto de
Transmissão de Bens Imóveis) era muito alto, e, então, alguns
empresários se aliaram aos donos de construtoras, cobrindo a oferta
deste imposto, para venderem e alugarem esses imóveis.
“Há
comerciantes que já até compraram algumas casas por R$ 15.000,00. Outros
têm apartamento de luxo, mas estão aqui porque transformam as
habitações em comércios, faturando em cima de um programa do governo
federal”, denunciou Tailane Cunha, de 20 anos, desempregada há cinco
meses.
Segundo o presidente da Associação dos Moradores do Nova
Terra, Adhemar Ferreira Peixoto, outras manifestações podem ocorrer até
que a liminar de desocupação seja suspensa pelo próprio juiz Madeira.
“Também queremos que o agravo de instrumento seja julgado em Brasília, e
mostrar para os políticos e empresários que nós só resolvemos invadir
porque quem não necessitava de uma moradia oriunda de um programa
público estava ocupando o nosso lugar”, frisou.
A manifestação só
terminou depois de o juiz Carlos Alberto Madeira se reunir com dois
representantes da Associação dos Moradores do residencial e o advogado
dos ocupantes, Fernando Pinto. Nesta quinta-feira (22), durante o turno
da tarde, outra audiência pública está marcada, onde um dossiê, contendo
filmagens que denunciam as irregularidades do Minha Casa, Minha Vida,
será entregue à Justiça Federal. O protesto também tem o apoio de outras
entidades, como o Sindicato dos Funcionários Públicos Federais e
movimentos estudantis locais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário