A repórter Adria Rodrigues, da TV Guará,
foi agredida por vândalos que promoveram quebra-quebra, sábado (22) à
noite, em pleno centro de São Luís. A repórter, que estava acompanhada
do cinegrafista Marcos Jacob, foi violentamente atacada por um grupo
hostil, que fez tudo para evitar que as cenas de vandalismo fossem
filmadas.
“O momento não sai da minha cabeça, nunca passei por uma
situação como esta, ser agredida e coagida por um grupo de
manifestantes em pleno exercício do meu trabalho. Foi algo que eu não
esperava”, afirmou Adria Rodrigues ontem à noite, ao relatar o que
aconteceu à reportagem do Jornal Pequeno.
A repórter Adria Rodrigues é socorrida por um policial no calçadão do Palácio dos Leões |
Ela
disse que foi a primeira vez que entrou em uma ambulância, onde teve de
colocar uma máscara de oxigênio: “A dor dos arranhões no meu braço nem
se comparava com o tamanho do medo naquela hora. Eu só conseguia pensar
em sair dali. Sábado 22 de junho de 2013 – não vou esquecer”.
Escalada
para fazer a cobertura de mais uma edição das manifestações que
acontecem no Maranhão e em diversos outros Estados da Federação, Adria
Rodrigues e o repórter cinematográfico Marcos Jacob fizeram o registro
do inicio do protesto na Ponte do São Francisco. Foi lá que Adria
entrevistou várias pessoas, num clima tranqüilo. Entretanto, o cenário
mudou rapidamente, e começaram a acontecer atos de violência. Eis o
relato da repórter:
Quando cheguei ao local, o que constatei foi um cenário bem diferente do que eu havia visto na ponte: fogo, bombas, pessoas encapuzadas que não estavam ali para protestar, um grande numero de policiais. Parecia estar cobrindo uma guerra e não uma manifestação democrática.
Quando um
grupo tentou invadir a área de proteção a policia jogou um jato de água
para afastar a multidão enfurecida. Já era noite quando estas coisas
começaram a acontecer. No jornalismo televisivo, o repórter deve
capturar as sensações e emoções do momento, e tentar passar para o
telespectador. Podemos fazer isso em “passagem” (É o momento que o
repórter aparece na matéria), era o que eu estava fazendo narrando o
exato momento em que bombas de efeito moral estavam sendo lançadas,
quando uma caiu bem perto de nos.
Meu nariz, meus olhos começaram a
arder, minha garganta parecia fechar, não vi mais meu cinegrafista. Em
um momento de desespero humano eu disse para um grupo “vao embora ou
isso vai terminar de forma trágica. Me deixem passar. Me deixem passar”.
Foi quando eles começaram a me agredir verbalmente. Eu disse que
precisava passar para o lado isolado, quando um deles me segurou pelo
braço e disse que se eu passasse todos iriam passar.
Uma pessoa
que eu não vi quem era passou a mão no meu rosto, parecia pimenta com
cerveja, outra me arranhou, por conta do tumulto onde eu estava. Fiquei
com medo de que lançassem mais alguma bomba ali, levantei meu microfone e
pedi socorro para os policiais militares, que me tiraram carregada, fui
para a ambulância do Samu, onde lavei os olhos e as mãos que estavam
ardendo bastante.
Liguei para o meu cinegrafista. Ele me disse que
foi atingido com pedradas masque estava bem. Quando eu fiquei melhor,
agradeci ao policial militar que me socorreu, e voltei para terminar
minha reportagem, como se nada tivesse acontecido, porque infelizmente
esse tipo de situação faz parte dessa profissão que eu escolhi para
seguir.”
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