Na última
segunda-feira (3), a Justiça de São Paulo negou um pedido de R$ 760 mil
de indenização por danos morais a Suzane von Richthofen, presa desde
novembro de 2002, condenada a 39 anos de prisão por participar da morte
dos pais, Marísia e Manfred Albert von Richthofen.
Suzane queria ser indenizada pelo Estado porque teria sido obrigada a
falar com a imprensa quando foi beneficiada com um habeas corpus em
2005.
Ela acusa a diretora do Centro de Reabilitação de Rio Claro/SP, Irani
Aparecida Torres, de ameaçar "lançá-la à multidão", caso não
concedesse entrevista aos repórteres. "Ou você aparece ou então vou
abrir o portão e jogá-la na rua", teria sido as palavras da diretora,
de acordo com a acusação.
Suzane também alegou que a diretora a fez passar a noite anterior a sua soltura acordada e sem alimentação.
De acordo com o processo, duas testemunhas afirmaram que viram a
diretora dizendo que Suzane deveria dar a entrevista, se não apanharia e
seria jogada à multidão. "Suzane chorava por desespero e medo",
afirmaram as testemunhas.
Entretanto, o juiz de Direito Thiago Massao Cortizo Teraoka
questionou a parcialidade das testemunhas, já que uma era advogada
amiga de Suzane e não tinha sua entrada no centro de reabilitação
registrada no dia dos fatos. A outra testemunha tinha um histórico de
desavenças com a diretora Irani Torres.
A diretora Irani Torres negou as acusações, e também apresentou testemunhas que negaram a ameaças.
O juiz afirmou ainda que "é difícil crer que a Dra. Irani iria mandar
bater em Suzane, uma pessoa inteligente, perspicaz e muito conhecida,
no dia da sua liberdade. Ora, isso só se a Dra. Irani fosse
absolutamente inconsequente e "ingênua" (o que é incompatível com o seu
cargo), pois bastaria uma palavra de Suzane perante a imprensa que a
Dra. Irani poderia perder o seu cargo e ainda tomar uma representação
criminal".
Cabe recurso da decisão, mas os advogados de Suzane preferiram não se
manifestar, porque ainda não foram notificados oficialmente da
decisão.
Relembre o caso
Segundo a versão da polícia e da acusação, Manfred e Marísia von
Richthofen foram assassinados no dia 31 de outubro de 2002, quando
dormiam em sua casa, no bairro do Brooklin (zona sul de São Paulo).
Suzane, Daniel e Cristian entraram na casa em silêncio. Os irmãos
Cravinhos subiram as escadas junto com Suzane, que os avisou que os pais
dormiam. Então, os irmãos desferiram golpes de barra de ferro contra
Manfred e Marísia. Após matarem o casal, os dois cobriram os corpos com
uma toalha molhada e sacos plásticos.
A biblioteca foi desarrumada para simular um latrocínio (assalto
seguido de morte), e uma pasta marrom foi cortada. Também foram levados,
para reforçar a simulação, cerca de US$ 5.000, R$ 8.000 e jóias do
casal que estavam na biblioteca. O dinheiro ficou com Cristian, que
acabou usando uma parte do montante para comprar uma moto.
Ao deixarem o local do crime, Daniel e Suzane foram para um motel em
São Paulo, enquanto Cristian seguiu para um hospital para visitar um
amigo. Depois de algum tempo, Daniel e Suzane foram ao encontro de
Andreas von Richthofen, irmão da jovem, que havia sido deixado por
Daniel em um cibercafé. Chegaram em casa, e Suzane ligou para a polícia
informando do crime.
O policial militar Alexandre Paulino Boto, que atendeu ao chamado,
chegou na casa e disse, no decorrer das investigações do crime, que
havia estranhado o comportamento de Suzane quando ele disse que os pais
da jovem estavam bem. "Como?", perguntou Suzane espantada, segundo o
relato de Boto durante o julgamento.
No decorrer das investigações, a delegada responsável pelo inquérito,
Cíntia Tucunduva, do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à
Pessoa), começou a suspeitar do comportamento de Suzane e Daniel diante
da "tragédia" —eles protagonizavam cenas de amor, de acordo com a
delegada. No dia 8 de novembro de 2002, os Cravinhos e Suzane
confessaram, em interrogatório à delegada, a participação no assassinato
do casal Richthofen.
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