Estar atento a vários estímulos ao mesmo tempo é instintivo. O desafio é aprender a se concentrar em um foco sem perder a visão do todo.
Falar ao celular, ler tweets, ver o noticiário na televisão e ainda
acompanhar o movimento da timeline no Facebook. Atividades comuns do dia
a dia, realizadas de maneira simultânea, desafiam a capacidade de se
manter concentrado. A atenção é um processo cognitivo, relacionado ao
conhecimento, assim como a linguagem e a memória, e serve de base para
todas as demais funções de nosso organismo. Existem dois tipos de
atenção – a concentrada e a dividida – e o desafio é atingir o
equilíbrio entre elas.
Atingir o equilíbrio perfeito é difícil porque a atenção concentrada se desenvolve a partir de relacionamentos sociais e necessidades próprias, ao contrário da dividida, que tem raízes instintivas. É preciso treinamento na hora de “domar” a mente e isso é conseguido, segundo a psicóloga Sabrina Gasparetti Braga, buscando sentido para as coisas. “Organização é fundamental. Pensar sobre a real necessidade da tarefa nos ajuda a perceber sua importância. Quanto mais clara for a finalidade, maior será o grau atencional”, afirma.
Outra forma de aumentar a atenção concentrada é interagir em grupo. “Conversar e discutir no trabalho, por exemplo, ajuda a estabelecer relevância ao assunto e a despertar o foco com mais clareza”, diz Sabrina. O estímulo da neuroplasticidade também acontece quando pais ajudam filhos no dever de casa. “As crianças despertam o círculo de concentração nesses momentos. Para não distraí-las, mantenha aparelhos desligados e materiais na mesa”, afirma Possendoro.
Técnicas profissionais
Agentes da polícia e oficiais do serviço secreto do mundo inteiro usam a técnica conhecida como OMD (observação, memorização e descrição) para conseguir atenção máxima. O processo consiste em identificar, dentro de poucos segundos, o máximo de detalhes possível de ambientes, pessoas e o que mais estiver no foco. Informações como aparência de vendedores ou quantidade de carros na rua ajudam os profissionais a recriar possíveis cenas de crimes.Já o maestro Lincoln Andrade analisa cada instrumento da orquestra separadamente e depois os insere em um contexto. “Escuto tudo em um primeiro ensaio, depois setorizo em notas e vejo os detalhes”, diz. “A partir desta compreensão individual consigo reger o conjunto e estar atento. É como se fizesse uma leitura simultânea durante a apresentação, mas de textos diferentes”.
No livro “Como Domar um Elefante”, escrito por Jan Chozen Bays, professora de meditação e pediatra, o cérebro é comparado a um animal selvagem que precisa ser domado. Focar-se na respiração e meditar, por exemplo, são algumas das técnicas usadas por Jan para reduzir o nível de estresse. “A meditação nos ensina a se concentrar. Temos mais insights quando estamos alertas e relaxados”, afirma. Observar mudanças entre os ambientes, reparando nas portas, é mais uma forma de potencializar a concentração. “Se eu tiver acabado de atender um paciente difícil e estiver chateada, não é bom arrastar tamanha emoção para a próxima consulta. A prática de estar ciente ao atravessar portas permite que eu entenda a mudança de espaço”, exemplifica.
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